1.7.12

O romantismo morreu.

Sejam todos bem vindos ao velório do romantismo. Aquele modelo clássico, vindo dos livros de Flaubert, das páginas mofadas de Shakespeare, não existe mais.

 Foi banido. Aniquilado.

 O bom moço (será?) da década de 60 deu lugar ao homem que busca se reencontrar numa sociedade onde a mulher não aceita mais ficar em casa cuidando do lar. Aliás, “do lar” é um termo que sequer ousa aparecer até nos comerciais mais atrevidos de sabão em pó. Os responsáveis pela sua morte somos todos nós, viventes nessa sociedade que ainda está se redescobrindo. A sociedade do ficar, do relacionamento de consumo, dos PAs e BAs, das redes sociais, das amizades irreais e das traições reais, da mulher que busca igualdade de direitos e já tem espaço cativo (e de peso) nesse admirável mundo novo e do homem que redescobre sua função e faz o caminho inverso: penetra num universo antes puramente feminino e vai depilar o peito nos salões metrossexuais da cidade.

 Mas não devemos nos sentir culpados. A morte preconiza o renascimento, a reinvenção. É o fim do modelo tradicional que dá lugar a algo ainda não definido, onde todos estão escrevendo diariamente as novas “regras” através dos encontros e desencontros.

Vamos seguindo, conhecendo e desconhecendo as regras e testando novos padrões, das periguetes ao moleque piranha, dos cafajestes às insensíveis, dos desolados e desencontrados até àqueles que encontram felicidade nos moldes habituais, todos somos responsáveis por reencontrar (ou não) o caminho das pedras (de brilhante cravejada na aliança nos dedos de uma bela ragazza). Um salve para todos nós, assassinos e reinventores do romantismo. Chega do modelo datado e manchado. Bem vindo ao novo amor e aos novos amantes (até mesmo para os micareteiros/as pois todo mundo tem direito de amar).