6.10.09

Excentricidades.

O que seria da exceção sem a regra? Somos combalidos a romper com as amarras sociais por questões de diferenciação. A mesma sociedade, que provoca o engessamento moral das regras e costumes, força as pessoas a saírem pelas tangentes em busca da diferenciação. Os anseios por liberdade estão sempre atrelados a pessoas presas. Quem está marginalizado, pede por um estado atuante. E os demais? São eternos insatisfeitos ou a maior questão reside exatamente em inflamar o discurso contra qualquer coisa dita "opressora"? Prova maior que as pessoas possuem um fonte inesgotável de carência é mostrada pela alta taxa de suicídios na Suiça, país que ouve seus habiantes, procura supri-los e oferecer condições ideais de vida. Quando falta pelo que lutar, a batalha volta-se pra si mesmo. Antropofagicamente falando.
O verdadeiro excêntrico é aquele que encontra a felicidade onde todos estão descontentes.

30.8.09

Empaticamente falando...

Empatia é a melhor maneira de entender outra pessoa. Fica fácil compreender certas atitudes do outro ao colocar-se em seu lugar. Mas até isso exige cuidados, pois a empatia trafega na linha sutil entre a compreensão e a possessão.
Ao buscar entender o outro, podemos assumir novas maneiras de observar os fatos. Sentimo-nos mais perto e mais possuidor da pessoa. Entendemos suas atitudes, seus gostos, suas decisões e o aprofundamento empático deixa-nos experts no outro. Quando há atenção demais ao outro, esquecemo-nos de nós mesmos. Findo o relacionamento, quando vivemos tanto a vida do outro que esquecemos de ser exatamente o que o cativou, vêm a parte de voltar à nossa vida.
A empatia deve ser muito bem dosada em todos os momentos da vida. Ela faz com que sejamos mais compreensíveis e deve ser podada antes que nos tornemos reféns de alguém.
Relacionamentos são feitos pra somar, não pra dividir e pra ter um relacionamento feliz ou esquecer de alguém ao término do mesmo, a fórmula é simples : lembre-se de si mesmo.

19.8.09

Beraldim e Oreia Seca

Ides dos anos 90. A inclusão digital ainda não era tao abrangente. A periferia descobria sua forma de expressão e ritos de libertação social na música e na arte (hip hop). Com a ascenção de alguns artistas da favela, a juventude que teria apenas um caminho (o tráfico) descobriu uma nova alternativa à realidade crua da vida nos morros e favelas : a música.

E nesse contexto, considerando que o vocabulário e o poder de assimilação dos conceitos não é mais avançado devido ao sistema de ensino público, temos a seguinte situação : jovens que buscam um lugar ao sol, gravam nos seus gravadores em fita cassete, demonstrações das suas rimas num estilo nada prosa.

Numa tarde, estavam Beraldinho e Oreia Seca, riimando e compondo :
"Beraldim, o que rima com amor?"
"Sei lá Fi! Joga dor aí mano".
Tal proeza foi evidentemente gravada de modo rudimentar, numa fita cassete.
Eis que, Beraldim e Oreia Seca, ao ouvir sua obra magistral exclamam!

-Maaaaaaaaaaaaaaaaaaaaannooooooo! É nóis! É nois que tá na fita!

Neste momento, nasceu a expressão mudialmente conhecida por "nóis na fita" ou "It´s we on the tape" para os gringos.

E Beraldim e Oreia Seca nunca fizeram sucesso.

18.7.09

(de)Cadência

No ritmo que as coisas seguem, muito em breve, o amor e suas demonstrações simples e puras, serão somente estória.

As pessoas convivem diariamente em relações humanas que fingem esquecer aspectos básicos como tolerância e compreensão, e se voltam para a busca do prazer físico, esvaziando seus corações.

Findo um relacionamento recente, ouvi através de diversas vozes os clichês "mulher é tudo igual" ou "mulher é o que não falta", como se bastasse estar com alguém de qualquer jeito e, assim, perpetuar a infelicidade silenciosa que habita cada vez mais os zumbis fugazes da sociedade.

Fica cada vez mais fácil compreender um mundo que se alimenta de antidepressivos.