As lembranças da infância se fundem com o mundo fantasioso da infância e algumas memórias persistem mesmo depois de termos total consciência de que esse mundo de faz-de-conta existe apenas nos livros, nos filmes e em nossa memória. Tudo era maior, mais colorido, iluminado, cheiroso. Os sentidos, ávidos por experimentar o mundo e seus sabores, maximizavam todas as experiências, ampliando o simples prazer de tê-las.
Crescer nos traz várias decepções. A maior não é descobrir que Papai Noel, coelho da páscoa ou fada do dente não existem. Ou que a magia do natal foi inventada pela Coca-Cola. Ou até que Somos expostos a duras realidades. As cores tornam-se mais fracas. Percebemos as luzes queimadas nos pinheirinhos e decorações nas casas. Vemos as cicatrizes nas relações familiares e a avidez pelo consumo e posterior troca de presentes que não serviram ou não agradaram.
Bem, um mito que nasceu pela bondade de um senhor em distribuir presentes aos menos afortunados torna-se a cada ano, um momento fugaz de todo o egoísmo exercido. Uma confissão moderna destes novos ateus que inundam os noticiários do almoço com notícias sobre o movimento no comércio ou o "crescimento das vendas no período".
Alguns poucos realmente prezam os valores familiares acima de tudo, fazendo questão de exaltá-los neste período. Rezam a alegria da família unida e agradecem por cada um estar ali, presente na sua frente e fazendo parte do seu mundo.
Eu sinto saudade dos passeios à noite para ver as luzes de natal na cidade e da alegria estampada no rosto de todos no momento que precedia o amigo secreto. E a expressão de alegria no rosto de meus pais ao ver que, para mim, o mais importante era estar com eles, com a minha família.
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