Ele olha pro céu a procurar estrelas
Entrou no mar com suas chinelas, veio as ondas a levá-las
Meu par perfeito de chinelas foram-se, onde estarão agora?
Procurou no seu baú.
Procurou no seu jardim. Não estavam com borboletas.
Jardim escuro, fechado.
Chinelas lá não estavam.
Sentiu os espinhos lhe penetrando a carne macia dos dedos.
Sentiu vontade de sentar, esperar o tempo passar.
"Chinelas, por favor, nao quisera eu que fossem embora.
Entrei no mar para me banhar. Fostes arrancada de mim.
Devolve mar. Devolve.
Nunca quis eu que este mar a outro navegador entregasse MINHAS chinelas."
Ele já não sabe onde mais procurar até que vê novamente suas chinelas
nos pés de outro a trafegar.
"Com licença senhor, onde as encontraste?
Ah, meu caro amigo. O mar me contou que as tirou de quem não merecia.
E por acaso as merecia o senhor?
Trato-as com todo o amor possível. Venha cá meu caro, não sejas indigno e me conte,
por que estás tão interessado nestas chinelas?
Porque não quero mais entrar no mar."
E agora ele, todo dia olha pro céu a procurar estrelas.
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