Quem falou que o homem pensa em sexo pelo menos umas 9 vezes por hora está certo. Mas quem falou também que o ser humano em geral pensa no seu lazer umas 10 vezes todos os dias está mais do que certo. E João, que trabalhava a semana inteira em uma lanchonete conceituada não estava fora desses conceitos. Seu fim de semana começava na quinta. Doses homéricas de bebida, literalmente se atracava com mulheres que facilitavam o caminho para ele e dormia pouco até o horário de seu trabalho. Chegava com cara de guerra e empunhava seu avental para a batalha diária. Sexta a noite. Tudo acertado com os amigos, o lugar, quem iria, o que fariam. Noite ótima e sábado novamente a cara de guerra. Sábado, uma festa mais tranquila, na casa de um amigo. Muita vodka, muita história para contar (para quem se lembrasse do que ocorreu) e João chegou ao domingo com muitas baixas em seu fígado mas no geral estava bem.
Levava esta vida havia mais de um ano, até que um dia o seu corpo o rejeitou.
João entrou em pânico, pois não lembrou do que fez e não conseguia movimentar nada, além de seus olhos. O estarrecimento o impedia de realmente lembrar o que aconteceu na noite anterior, sem contar aquela dor de cabeça.
"Devo estar muito bêbado ainda", pensou.
Procurou ficar quieto, esquecer aquilo tudo. Acordou novamente por causa de uma das palpitações de sua dor e viu o reflexo do relógio no espelho. Já havia passado da hora de levantar. Seu chefe descontaria o dia e aquele dinheiro era importante demais pra ele. Procurou saltar da cama mas seu corpo não obedecia. Agora já não sabia mais o que pensar. Não havia batido o pescoço para estar tetraplégico, não estava no hospital tampouco. O que poderia ter acontecido?
Até que sua mão lentamente se levanta e Jõao sente-se mais aliviado. "Devo ter usado alguma coisa muito forte".
Seu corpo levanta-se da cama e vai até o banheiro. João não consegue controlar seus movimentos, parece estar possuído por algo. Após apertar a descarga, o corpo escova seus dentes e volta para o quarto. João queria pedir por ajuda mas não controla sua boca. Pensa com força porque aquilo lhe está acontecendo e nada. Não tem resposta. Continua sem o controle dos seus movimentos.
Seu corpo pega a calça, veste, em seguida a camiseta e o tênis. Põe-se a andar pela casa, sem um rumo que ele conheça. Passa pela porta e começa a andar pela calçada no sentido oposto do seu trabalho. Acena para algumas pessoas mas nada fala.
Chega até uma casa onde nunca estive antes. Engraçado que apesar de ser a 300 metros da sua nunca tinha visto aquela residência de aparência descuidada, com trepadeiras subindo pelas janelas de madeira e uma pintura descascada, algo que parecia ser verde. Entrou pelo portão enferrujado e João estava apavorado, pois tinha medo que seu corpo se machucasse de alguma maneira. Continuou seguindo pela casa. Adentrou a sala de estar e nela estava uma senhora de aparência simpática sentada no sofá. Ela viu que os olhos de João se movimentavam freneticamente e entendeu tudo. Era mais um caso de rejeição. Marieta, quando era jovem passou por experiência semelhante e desde então uma energia natural vinda dela atraía jovens que eram rejeitados por seus corpos. Ela seguiu até um velho armário e dele tirou um frasco azul. Dentro deste havia um pequeno pedaço de papel com algumas inscrições. O corpo de João pegou o papel e comeu, logo em seguida se virando para a saída. Quando já na porta Marieta disse:
- Não se esqueça de que temos uma alma. Você deve guardar seu corpo e sua alma, caso não o faça eles rejeitam você.
2 comentários:
um pouco de fantasia às vezes eh bom.
Fiquei ate com medo de sentir sensaçoes como essa! =P
hauhauahuah
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